quinta-feira, 31 de maio de 2018

Uma Chance Para Recomeçar - Resenha

Uma Chance Para Recomeçar


Diana Scarpine
Ano: 2016
Páginas: 432
Editora: Pandorga


Sinopse:
Carina é uma workaholic rica e bem-sucedida cuja vida se resume ao trabalho. Afogada em estresse, ela não se importa com a solidão que habita seu coração, pois o amor nunca foi uma das suas prioridades, até que algo inusitado acontece. Repentinamente, ela se vê privada do trabalho e deseja aplacar a solidão que a consome, principalmente quando conhece Aurélio, que a trata de uma forma diferente da qual ela está acostumada. Consumido pela tragédia que vitimou sua família e deixou-lhe sequelas físicas e emocionais, Aurélio não quer nada além de se afundar cada vez mais na dor e na culpa que sente. Suas certezas começam a ficar abaladas à medida que Carina se aproxima cada vez mais dele. Quantos obstáculos precisam ser vencidos para recomeçar? O amor é capaz de vencer as amarras do passado e o preconceito?



A mercê de uma rotina de vida que se resume apenas em trabalho, Carina decide tirar aquelas merecidas férias - 10 dias em  um lugar tranquilo.
Porém algo inesperado aconteceu... E o susto é imenso ao se olhar no espelho em sua primeira manhã no hotel... Seu rosto estava "horrível", parcialmente paralisado. 
Mil coisas passam em  sua mente... "Estou morrendo... É o fim... Nunca mais vou poder sair de casa ou sorrir novamente! Isso é, se me sair viva dessa."

"A vida tem muitos mistérios que, nem sempre, somos capazes de compreender; mas é importante que sejamos capazes de reconhecer e agarrar a chance de recomeçar quando ela surge em nossa vida."

Aurélio, um massoterapeuta, vive seu luto há anos, após um acidente trágico do passado, perdeu a esposa,  filha e a visão... E apesar de ter sobrevivido, convive com o autopreconceito por ter 50% do seu corpo queimado e não enxergar, mas a maior de suas sequelas é emocional, pois apesar de ter aprendido a conviver com suas limitações, a culpa pelo acidente o consome, fazendo - o viver perdido em sua própria escuridão.
"Como lhe restaurar a autoestima se a minha própria também se encontrava abalada? Como ajudá-lo a superar seus conflitos, se eu não conseguia superar os meus? Como conduzir nossa amizade, se eu era uma pessoa tão antissocial?..."

Dois personagens repletos de conflitos consigo mesmos, que pararam no tempo e vivem aquela vida "engessada", sem alegrias, sem amor, sem sorrisos... O entrelace desses dois personagens, nos traz uma gama de sentimentos, de conflitos... São vários encontros e desencontros... A desconstrução de preconceitos e várias lições de superação.

Uma Chance Para Recomeçar, pode parecer um romance clichê, mas passa longe disso por abordar temas pouco recorrentes no gênero.
Narrado em primeira pessoa, intercalando os capítulos entre os pontos de vista de Aurélio e Carina, o que facilita o entendimentos durante a leitura. A escrita da Diana é um tanto rebuscada (o que amo, por sempre me surpreender com palavras que ainda não conhecia), porém sem prejudicar a fluidez da leitura. 

A autora nos traz um cenário nacional simples, bonito e completamente real. A cidade de Jequié na Bahia.
Fonte: Google
Me surpreendeu a forma que a autora utilizou da realidade do cenário, para enriquecer a trama, visto que o protagonista Aurélio, é portador de deficiência e teve que se adaptar as dificuldades existentes a cada passo fora de seu lar.
"Muitas calçadas não possuem rampas de acesso, ou possuem em inclinação inadequada. O piso tátil é raro e, muitas vezes, de baixa qualidade. Não dá para senti-lo com  a bengala. Além disso, às vezes, é colocado de forma incorreta, não recebe manutenção adequada ou acaba no meio do nada, quando mais  precisamos dele. Já bati a cabeça em poste de energia elétrica (o piso tátil acabava ao pé do poste e não deu outra: meti a cara!) e perdi a conta de quantas vezes "já beijei"  os orelhões de Jequié, pois nunca deparei com a identificação correta."...
Imagens do Google

Eu não podia deixar de citar aqui  o quando gostei dessa temática social abordada no livro, infelizmente essa não é a realidade apenas da cidade de Jequié, mas sim do nosso país inteiro. Eu sou técnica em edificações e designer de interiores e pretendo me especializar em acessibilidade. Já tenho um artigo publicado sobre isso e me dói sair de casa  e só me deparar com obstáculos no caminho. Não tenho nenhum tipo de deficiência, porém tenho empatia.
Parabenizo a Diana por colocar com sabedoria, essa problemática. Abrindo os olhos dos leitores para algo que muitas vezes enxergamos, porém nos passa despercebido.


Quanto a diagramação, eu gostei bastante, desde a capa. As páginas são amareladas e a fonte de um bom tamanho, o que facilita bastante a leitura.
A escrita é fluida, e mesmo nos momentos em que os desencontros dos personagens se tornam um pouco recorrentes, novos fatos e novos personagens surgem, acrescentando um toque a mais na trama.
Não encontrei erros ortográficos.
Super indico o livro!



Mercia Machado



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